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Barão de Roussado
Barão de Roussado: Meu caro Manuel, quando tu já tinhas dentro de ti o bailo, e eu tinha dentro de mim a ténia, ceámos pescada cozida com batatas no Penim, e bebemos um torres amargo como o ciúme. Saímos da taberna que A. Herculano elevara à grandeza de «Agulheiro dos sábios» e parámos no cunhal da esquina, aureolados com o resplandor suspeito do gás, como dois magos do Oriente que parassem onde aquela estrela moderna e civilizada até ao lampião nos mandou parar.que ia ali nascer de nós o que quer que fosse. Encostou-se a gente ao cunhal numa atitude de digestão difícil disfarçada em medição profunda. Nenhum de nós, batendo na fronte, repetiu o j’avais pourtant de Chenier, porque a ideia já estava tão estafada que nem mesmo a convivas do já agora extinto Penim era lícito fazer com ela um alarde de génio inflamado pelo fósforo da pescada e pelo ácido acético do torres. Perguntei-te o que sentias, porque te vi arfarem as bossas frontais, como se estivessem em ânsias parturientes duma epopeia ou dum almanaque. Fitaste-me os teus olhos fulgurantes; e, como quer que visses nos meus gestos um jeito de inspirado, perguntaste-me se não seria mau tomarmos genebra. Entrámos no Martinho, à hora alta da noite em que dois majores reformados e um homem de letras, que encontrara no alfabeto a sua desgraçada inutilidade, acentuavam a murros no mármore as suas convicções da necessidade da república. Procurámos a mesa mais afastada dos três celerados, que bebiam capilés para acalmar a sede de sangue e expectoravam as suas iras nas cadeiras em projécteis de catarro. Foi ali, na mesa do canto, que se realizou o advento da ideia que amadureceste com compota de genebra. A tua mão vibrante do ecce Deus de Ovídio, e do pur so muove de Galileu, pesou-me na espádua como um dos bons murros que tu tens visto levar em New-Castle. Depois, com umas rutilações de pupilas que tanto podiam ser um projecto de regicídio como indigestão de peixe, disseste: «Vou parodiar o D. Jaime de Tomás Ribeiro.»E, no dia seguinte, recitaste-me as passagens da paródia mais risonha, mais delicada e menos ofensiva que ainda se viu neste pais em que a paródia é quase uma cobarde mordacidade. Estes fragmentos que tão de molde se casam num Cancioneiro Alegre são os que eu recordo com saudade, com tristeza, com a desesperação de nunca mais te encontrar no Penim, nem te ver o festivo rir da tua inalterável alegria. Ah! barão, barão! Os possidónios, quando se confederaram para te despontar as farpas, levaram até ao trono as suas súplicas insidiosas e cingiram-te na fronte a coroa de ferro do velho feudalismo que te exilou da feliz boémia da imprensa como se ta soldassem no tornozelo à guisa de grilheta.Adeus, meu caro poeta!


Bento da Cruz

Bento da CruzBento Gonçalves da Cruz nasceu em 1925, na aldeia de Peirezes, freguesia da Chã, concelho de Montalegre, Trás-os-Montes. Licenciou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra, exercendo Odontologia em Trás-os-Montes e no Porto. Foi nesta cidade que fixou residência. Em 1959 publica em Coimbra sob o pseudónimo de Sabiel Truta o seu primeiro livro, uma colectânea de poemas intitulada Hemopise. Colaborou no suplemento literário do Jornal de Notícias e na Antologia da Poesia Contemporânea de Trás-os-Montes e Alto Douro, coordenada por Carlos Loures (Coleccção Setentrião, Vila Real, 1968). A propósito das tradições e vivências do Barroso, publicou várias obras de ficção. Ganhou o Prémio Literário Diário de Notícias em 1991. Após o 25 de Abril, fundou o quinzenário regionalista Correio do Planalto que ainda hoje dirige. Obras: Planalto em Chamas (1963), Ao Longo da Fronteira (1964), Filhas de Lot (1967), Contos de Gostofrio (1973), O Lobo Guerrilheiro (198O), Planalto do Gostofrio (1982),Histórias da Vermelhinha (1991), Victor Branco, Escritor Barrosão – Vida e Obra (1995); O Retábulo das Virgens Loucas (1996); A loba (2000).


Bento Teixeira Pinto
Bento Teixeira Pinto terá nascido em Pernambuco, Brasil, em meados do século XVI (põe-se também a hipótese de ele ter nascido na cidade do Porto). Muito pouco se sabe da sua vida, sendo considerado o primeiro poeta brasileiro. É autor de um poemeto heróico em oitava rima intitulado Prosopopeia. É composto apenas por um canto (noventa e quatro estâncias) entoado em louvor de Jorge de Albuquerque Coelho, capitão e governador de Pernambuco. Foi publicado pela primeira vez em Lisboa em 1601 (havendo autores que alegam ser essa a segunda edição, tendo a primeira saído em 1593).










Bernardim Ribeiro

Bernardim RibeiroBernardim Ribeiro (1480/1500 – 1530-1545) terá nascido na vila de Torrão, Alentejo em data incerta e, segundo alguns autores, terá visitado a Itália na companhia de Sá de Miranda. Chegaram até nós cinco Éclogas e a novela Saudade, mais conhecida por Menina e Moça. Algumas das suas posias foram inseridas no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. É-lhe atribuída por alguns a autoria da écloga Crisfal, assinada por Cristóvão Falcão. Os temas das suas obras andam à volta da infelicidade amorosa.














Bernardo Santareno

Bernardo Santareno (1920-1980), pseudónimo de António Martinho do Rosário, nasceu em Santarém e faleceu em Lisboa. Licenciou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra, tendo-se especializado em psiquiatria. É considerado o mais importante dramaturgo português do século XX. Obras poéticas: A Morte na Raiz (1954), Romances do Mar (1955), Os Olhos da Víbora (1957). Teatro: A PromessaO Bailarino e A Excomungada (as três peças publicadas em conjunto em 1957); O Lugre e O Crime de Aldeia Velha (as duas peças publicadas em conjunto em 1959); António MarinheiroO Duelo e O Pecado de João Agonia (as três peças publicadas em conjunto em 1961); Anunciação (1962); O Judeu (1966); O Inferno (1967); A Traição do Padre Martinho (1969); O Punho (1974); Os Marginais e a Revolução (1979). Outros: Português, Escritor; 45 Anos de Idade (1974).




Branquinho da Fonseca
António José Branquinho da Fonseca (1905-1974) nasceu em Mortágua e faleceu em Cascais. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, tendo aí convivido com escritores como João Gaspar Simões e José Régio. É aliás com estes que funda a revista Presença (1927). Em 1930 desliga-se definitivamente da revista. Exerceu funções no Registo Civil de Marvão e de Nazaré e foi director do Museu-Biblioteca Conde de Castro-Guimarães em Cascais. Os seus primeiros textos eram assinados com o pseudónimo António Madeira. A obra de Branquinho da Fonseca, embora de cunho original, está intimamente ligada ao presencismo. Obras poéticas: Poemas (Coimbra, 1926) e Mar Coalhado (Lisboa, 1932). Teatro: Posição de Guerra (Coimbra, 1928), Teatro (Lisboa, 1939). Ficção:Zonas (contos, Coimbra, 1931), Caminhos Magnéticos (contos, Lisboa, 1938), O Barão (novela, Lisboa, 1942), Rio Turvo (contos, Lisboa, 1945), Porta de Minerva(romance, Lisboa, 1947), Mar Santo (novela, Lisboa, 1952) e Bandeira Preta (contos, Lisboa, 1956).


Brás Garcia Mascarenhas

Pseudo-retrato de Brás Garcia MascarenhasBrás Garcia Mascarenhas nasceu na Vila de Avô junto à Serra da Estrela em 1596. Foi estudar para Coimbra mas teve de fugir para Madrid perseguido pela justiça por ter cometido um crime. Viajou por vários países da Europa e fixou-se algum tempo eno Brasil, regressando a Portugal na altura em que D. João IV é aclamado rei. Participou activamente nas lutas pela independência contra os Espanhóis e, sendo acusado de alta traição, foi preso. Absolvido pelo rei devido à falsidade das acusações, termina os seus dias escrevendo a epopeia em vinte cantos e oitava rima Viriato Trágico. Além desta obra, escreveu ainda Ausências Brasílicas eLabirinto do Sentimento na morte do Sereníssimo Príncipe D. Duarte, actualmente desaparecidas. Morreu em 1656.








Brás Luís de Abreu
Brás Luís de Abreu é o protagonista de um romance ordinário intitulado Olho de Vidro. Para se informarem da vida tempestuosa deste médico de Aveiro não lhes inculco o romance; antes lhes aconselho que leiam o Portugal Médico, do infeliz doutor, que, ao sol-poente da idade, vestiu o burel de frade, penitenciando-se por ter casado, por equívoco, com uma irmã. Entre excelentes receitas, deparam-se ao leitor do Portugal Médico poesias mais saudáveis que as drogas. A história das quadras feitas a uma D. Cláudia vem referida na novela.


Bulhão Pato
Raimundo António de Bulhão Pato (03/03/1829-24/08/1912) nasceu em Bilbau, Espanha, e faleceu no Monte da Caparica, perto de Lisboa. Era filho de portugueses, tendo seu pai, Francisco Bulhão Pato, sido conhecido como poeta. Passou a sua infância numa aldeia perto de Bilbau. A família regressa a Lisboa e Bulhão Pato matricula-se na Escola Politécnica. Começa a colaborar em vários jornais e revistas, de que se destacam O Panorama e a Revista Universal Lisbonense. Convive com Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Latino Coelho, Gomes da Silva, Antero de Quental e Gonçalves Crespo. Dedica-se à poesia e à tradução, vertendo para português Shakespeare, Saint-Pierre e Victor Hugo. Eça de Queirós caricaturou-o através da personagem Alencar do romance Os Maias, por ser um dos representantes do Ultra-Romantismo português. Obras: Poesias (1850), Paquita (romance, 1856), Flores Agrestes (poesia, 1870),Memorias (vários volumes, publicados entre 1877-1907).


Camilo Castelo Branco

Camilo Castelo BrancoCamilo Castelo Branco (1825-1890) nasce em Lisboa no dia 16 de Março, filho ilegítimo de Manuel Joaquim Botelho e Jacinta Maria. Frequentou a sociedade portuense, dedicando-se ao jornalismo, e teve uma vida romanticamente agitada, desde vários casos amorosos e prisão. Sentindo-se cego, suicida-se com um tiro na cabeça na casa de São Miguel de Seide. Notabilizou-se com várias novelas, uma delas Amor de Predição. É um dos maiores escritores portugueses do século XIX. Algumas obras: Os Pundonores Desagravados (poema satírico, 1845), O Juízo Final O Sonho do Inferno (poema satírico, 1845), Agostinho de Ceuta(teatro, 1847), A Murraça (sátira, 1848), Maria, não me mates, que sou tua mãe (novela, 1848), O Marquês de Torres Novas(teatro, 1849), O Caleche (sátira, 1849), O Clero e o sr. Alexandre Herculano (polémica, 1850), Inspirações (poesia lírica, 1851),Anátema (novela, 1851), Mistérios de Lisboa (novela, 1854), Livro Negro de Padre Dinis (novela, 1855), Cenas Contemporâneas(1855), A Filha do Arcediago (novela, 1855), A Neta do Arcediago (novela, 1856), Onde está a felicidade? (novela, 1856), Um Homem de Brios (novela, 1857), Carlota Ângela (novela, 1858), O Que fazem Mulheres (novela, 1858), Cenas da Foz (novela, 1861), O Romance de um Homem Rico (novela, 1861), Amor de Perdição (novela, 1862), Coração, Cabeça e Estômago (novela, 1862), Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado (novela, 1863), O Bem e o Mal (novela, 1863), Amor de Salvação (novela, 1864),A Sereia (novela, 1865), A Queda dum Anjo (novela, 1866), O Judeu (novela, 1866), O Olho de Vidro (novela, 1866), A Bruxa de Monte Córdova (novela, 1867), A Doida do Candal (novela, 1867), O Retrato de Ricardina (novela, 1868), Os Brilhantes do Brasileiro (novela, 1869), A Mulher Fatal (novela, 1870), O Regicida(novela, 1874), A Filha do Regicida (novela, 1875), A Caveira do Mártir (novela, 1875), Eusébio Macário (novela, 1879), A Corja (novela, 1880), A Brasileira de Prazins (novela, 1883), etc.


Camilo Pessanha

Camilo PessanhaCamilo Pessanha (1867-1926) nasceu em Coimbra, tendo tirado o curso de Direito nessa cidade. Partiu para Macau e aí exerceu funções judiciais. O contacto com a cultura chinesa levou-o a escrever vários estudos e a fazer traduções de vários poetas chineses. Foram, todavia, os seus poemas simbolistas que largamente influenciaram a geração de Orpheu, desde Mário de Sá-Carneiro até Fernando Pessoa. Os seus poemas foram reunidos na colectânea Clepsidra, publicada em 1922, tendo sido Fernando Pessoa o principal mentor da edição. Camilo Pessanha morreu em Macau vítima do ópio.










Campos Monteiro

Abílio Adriano de Campos Monteiro (1876-1934) nasceu e faleceu em Moncorvo, Trás-os-Montes. Formou-se em Medicina, tendo, com Ferreiro de Castro, fundado no Porto a revista Civilização, Grande Magazine Mensal, publicado entre 1928 e 1937. Colaboraram nesta revista, entre outros, Aquilino Ribeiro, Florbela Espanca e Teixeira de Pacoases. Campos Monteiro notabilizou-se como romancista, cultivando o romance de pendor popular e regionalista influenciado por Camilo. As suas obras de ficção foram um êxito de vendas nos anos 20-30. Dedicou-se também à poesia e ao teatro. Obras de ficção: Miss Esfinge (romance, 1920), Camilo Alcoforado (romance, 1925), As Duas Paixões de Sabino Arruda (romance, 1929), Ares da Minha Serra - Novelas Transmontanas (1933). Poesia:O Raio Verde. Sátira política: Saúde e Freternidade (1923).


Carlos Alberto Machado

Carlos Alberto Machado nasceu em Lisboa, em 18 de Novembro de 1954. É Licenciado em Antropologia pela FCSH/UNL e Mestre em Sociologia da Cultura pelo ISCTE. Tem-se dedicado desde 1969 à actividade teatral (actor, produtor) e à concepção e gestão de eventos culturais. Nos últimos anos dedica-se à escrita, investigação e docência universitária (Escola Superior de Teatro e Cinema e Universidade de Évora).
















Carlos Alberto Magalhães Gomes Mota

Carlos Alberto Magalhães Gomes MotaCarlos Alberto Magalhães Gomes Mota nasceu na Beira, Moçambique, em 1958. Foi professor do Ensino Primário (1º Ciclo do Ensino Básico) em 1979. Licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Letras da U.P em 1984. Concluiu o mestrado em Filosofia, também na FLUP, em 1990. Defendeu doutoramento em Ciências da Educação na Universidade de Santiago de Compostela em 1994. É Professor Associado de História da Educação na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro desde 2002. Em 2000, fez parte do 1º grupo de professores portugueses enviados para Timor-Leste. No âmbito científico-pedagógico, publicou: António Sérgio Pedagogo e Político (Cadernos do Caos, Porto, 2000); Breve História da Educação no Ocidente (Cadernos do Caos, Porto, 2003). No âmbito literário, publicou: 20 Contos de Euros Macutas e Outras Quinhentas, com Paulo Silva (Cadernos do Caos, Porto, 2004); O Coronel, Crónicas, (Ausência, Vila Nova de Gaia, 2005); O Irmão dos Mabecos e Sonho (romances, Papiro, Porto, 2006); Sofia e a Maga e Saraf, o Faroleiro Mágico (contos infantis, Papiro Editora, Porto, 2007).


Carlos Carranca
Carlos CarrancaCarlos Alberto Carranca de Oliveira e Sousa, mais conhecido como Carlos Carranca, professor do ensino superior, poeta, ensaísta, declamador, cantor e animador cultural, nasceu na Figueira da Foz, com fortes laços de ligação à Lousã. Licenciado em História, é professor auxiliar convidado da Universidade Lusófona, docente da Escola Superior de Educação Almeida Garrett e da Escola Profissional de Teatro de Cascais.Foi Presidente da Direcção da Sociedade de Língua Portuguesa, de 1998 a 2001; fundador e membro da direcção do Círculo Cultural Miguel Torga; professor no Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias; sócio fundador da Sociedade Africanóloga de Língua Portuguesa; sócio fundador do Círculo Cultural Miguel Torga; sócio da Associação Portuguesa de Escritores; director adjunto do jornal Artes e Letras e consultor cultural da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra em Lisboa, assumindo-se, ainda, como apoiante indefectível da Académica. Entre as instituições com as quais colabora regularmente, podemos citar o Museu da República e Resistência e a Associação 25 de Abril.Na Universidade Lusófona levou a cabo uma intensa actividade e marcante acção cultural: director do Gabinete de Acção Cultural; fundador e director-adjunto da Biblioteca Geral (com o director, Professor Vítor de Sá); fundador e presidente do Conselho Fiscal das Edições Universitárias Lusófonas; secretário do Centro de Estudos de História Contemporânea; fundador do Centro de Iniciação Teatral, juntamente com Carlos Avilez e João Vasco; fundador e coordenador da colecção científico-literária Meia Hora de Leitura, em parceria com Vítor de Sá – no âmbito das actividades da Biblioteca.Também nas escolas do concelho de Cascais, onde exerceu docência, o seu papel como divulgador da poesia portuguesa e animador cultural se destacou. Na Escola Secundária Ibn Mucana, entre outras coisas, dirigiu as actividades culturais da biblioteca e criou a revista Oxalá. Na Escola Secundária de Alvide organizou o Movimento Juvenil, a nível nacional, de apoio à candidatura de Miguel Torga ao Prémio Nobel (com recolha de assinaturas entregues em Estocolmo).


Carlos de Oliveira
Carlos de Oliveira (1921-1981) nasceu em Belém do Pará, Brasil, e faleceu em Lisboa. Licenciou-se na Universidade de Coimbra em Ciências Histórico-Filosóficas. A sua obra poética e ficcional centra-se na vida campestre. Obras poéticas: Turismo (1942), Mãe Pobre (1945), Descida aos Infernos (1949), Terra de harmonia(1950), Cantata (1960), Sobre o Lado Esquerdo (1968), Micropaisagem (1969), Entre Duas Memórias (1971), Trabalho Poético (2 vols., 1977-1978), Pastoral(1977). Obras de ficção: Casa na Duna (1943), Alcateia (1944), Pequenos Burgueses (1948), Uma Abelha na Chuva (1953), Finisterra (1978). Crónicas: O Aprendiz de Feiticeiro (1971).








Carlos Frias de Carvalho
Carlos Frias de CarvalhoCarlos Frias de Carvalho nasceu em 1945 em Seiça, Ourém. Frequentou Engenharia Química no I.I.L e Química na Faculdade de Ciências da U.L. Foi professor do ensino técnico em Vila Franca de Xira e trabalhou na indústria alimentar na área da Química Laboratorial. Foi dirigente associativo do movimento estudantil na área cultural. Colaborou em jornais como o Notícias de Ourém, Diário de Lisboa, A Capital, Diário Popular, A República. Exilado de 1969 a 1974 em França, aí colaborou na revista O Imigrado Português. Poeta e escritor, está representado na antologia Poemabril, edição Nova Realidade e no Cântico em Honra de Miguel Torga, edição Fora do Texto. Acerca da sua obra literária escreveram, entre outros, Manuel da Silva Guimarães, Carlos Loures, Urbano Tavares Rodrigues, Bernando Santareno, Cupertino, Mário Castrim, António Luís Moita, Júlio Conrado, Miguel Serrano, Cecília Barreira, António Ramos Rosa, João Rui de Sousa, José Manuel de Vasconcelos. É fundador e director da galeria de arte Ara desde 1988. Obras: Antes da Água (em colaboração com João Vieira), Escrita da Água (em colaboração com Saskia Moro).


Carlos Lemonde de Macedo


Carlos Lemonde de Macedo nasceu em Lisboa em 1921. Exerceu cargos diplomáticos no Brasil. Notabilizou-se principalmente no teatro. Obras: Diário de uma Menina Fútil (romance, 1954), Ser para o Desconhecido (1960), Marina e Outros Casos (1966), Nhamacura, e ele te dirá o que deves fazer (teatro, 1958), O Empreiteiro de Deus (teatro, 1965), O Interdito (teatro, 1968), El-Rei Afonso Último (1963), Jogo de Palavras (poesia, 1953), Sesta Fértil (poesia, 1955), Latitude Sul (poesia, 1957).



Carlos Lopes Pires
Carlos Lopes Pires nasceu a 7 de Agosto de 1956 em Quadrazais, aldeia situada perto da Serra de Malcata, junto ao rio Côa. Passou a residir em Leiria a partir dos cinco anos de idade. Licenciou-se em Psicologia pela Universidade de Coimbra onde lecciona na mesma área. Obras publicadas: A Invenção do Tempo e Outros Poemas (Átrio, 1993), Falar as Áves (1993), O Livro de Pó (Poemas de Terra e Adeus) (1994), O Livro dos Salmos (Poemas de Redenção e Nada)(1994), O Caminho do País Lilás (Editorial Notícias, 1995), Viver (1995; 2ª ed. revista em 1997 pela Editorial Diferença), O Livro dos Cânticos (Poemas de Amor e ausência) (Editorial Notícias, 1995), A Poeira dos Dias (Editorial Notícias, 1996), A Última Ceia (Editorial Diferença, 1996; 2ª ed. revista em 1997), O Perfume da Flor (romance, Editorial Diferença, 1996), A Fuga das Cidades (Editorial Diferença, 1997), De Imensso (Editorial Diferença, 1997), Todas as Estrelas do Mundo (em co-autoria com Maria Rosa Colaço; Editorial Diferença, 1997), Alguém que tu Conheces (Editorial Diferença, 1998), Imensitude (poesia, Editorial Diferença, 1999; com fotos de Saul Neves de Jesus).

Carlos Nogueira Fino
Carlos Nogueira FinoCarlos Nogueira Fino nasceu em Évora em 25/11/50 e residente no Funchal desde 1959. É docente do departamento de Ciências de Educação da Universidade da Madeira. Obras publicadas: XXIII Poemas de Ilhamar, (Funchal, Direcção Regional dos Assuntos Culturais, 1987), prémio Leacock 1987; Simbiose (Funchal, Direcção Regional dos Assuntos Culturais,1988), e ilustrações de Celso Caires; Este Cais Vertical, (Funchal, Direcção Regional dos Assuntos Culturais, 1989) Iniciação à Luz, integrado na antologia ILHA 3, (Funchal, Câmara Municipal do Funchal, 1991); Contemplação do Olhar, (Funchal, Colecção Cadernos Ilha, nº 6, 1992); (Pre)Meditação, (Editora Signo, P. Delgada, Açores, 1992); Alquimias, integrado na antologia ILHA 4, (Funchal, Câmara Municipal do Funchal, 1994); Segundo Livro de Ishtar, (Editora Limiar, Porto, colecção Os olhos e a memória, nº 66, 1994); Arco e Promontório, (Funchal, Câmara Municipal do Funchal, 1997) prémio cidade do Funchal Edmundo de Bettencourt de poesia, 1996); Poema do Alto do Milénio, (incluído na revista Limiar de poesia, nº 10, 1998); Inquietação da Água, (Editora Limiar, Porto, colecção Os olhos e a memória, nº 77, 1998); Maratona & Outros Poemas, (Câmara Municipal do Funchal, Colecção Livros de Cordel, nº 3, 1999).

Carlos Olavo
Carlos Olavo (1881-1958) licenciou-se em Direito. Esteve na I Grande Guerra, sendo conhecido pelo diário que escreveu sobre a sua experiência numa prisão na Alemanha. Obras: Jornal d'um Prisioneiro de Guerra na Alemanha (1919), A Vida Turbolenta de Padre Agostinho de Macedo (biografia, 1939), Homens, Fantasmas e Bonecos (crónicas jornalísticas, 1954).



Carlos Queirós
José Carlos Queirós Nunes Ribeiro (1907-1949) nasceu em Lisboa e faleceu em Paris. Frequentou a Faculdade de Direito de Coimbra, tendo colaborado em várias revistas, tais como Presença, e Contemporânea, com poesias e artigos de crítica literária. Recebeu em 1935 o Prémio Antero de Quental do Secretariado de Propaganda Nacional com a obra Desaparecido. Foi director das revistas Panorama (1941) e Litoral (1944). A amizade de Carlos Queirós com Fernando Pessoa levou a que este último tivesse uma relação amorosa com sua irma, Ofélia Queirós. Obras: Desaparecido (1935), Breve Tratado de Não-Versificação(1948), Homenagem a Fernando Pessoa (ensaio-1936). Toda a sua poesia se encontra no volume póstumo Poesia de Carlos Queiros (1966).

Casimiro de Brito
Casimiro de Brito nasceu a 14 de Janeiro de 1938, em Loulé (Algarve). Poeta, ficcionista e ensaísta. Tem, desde 1957, 30 títulos publicados. Esteve ligado ao movimento "Poesia 61". Dirigiu revistas literárias, entre elas os Cadernos do Meio-Dia. Ganhou vários prémios literários, de que se destaca a Prémio Internacional Versilia, de Viarregio (Itália), pela sua Ode & Ceia (1985), em que reuniu os seus primeiros dez livros de poesia. Tem obras suas incluídas em mais de cem antologias, publicadas em vários países. Participa habitualmente em leituras, mesas-redondas, festivais, conferências e congressos. Tem-se dedicado, como tradutor, à poesia japonesa. Está traduzido em catorze idiomas. Foi presidente da Association Européenne pour la Promotiom de la Poésie e é o actual presidente do P. E. N. Clube Português.


César Luís de Carvalho
César Luís de CarvalhoCésar Luís Marçal Monteiro de Carvalho nasceu no lugar de Marvão, freguesia de Loureiro, concelho do Peso da Régua, no dia 17 de Outubro de 1965. Viveu em Lamego, onde se tornou professor do 1.º Ciclo do Ensino Básico, e, mais tarde, em Tarouca, onde desenvolve, mais significativamente, a sua intervenção comunitária, como responsável pela Educação e Formação dos Adultos, e literária, enquanto incitador e assíduo apoiante de projectos de escrita. Para além de artigos dispersos pelos jornais regionais, tem vasta colaboração em livros, quer como co-autor e coordenador ou como prefaciador. Da sua obra fazem parte álbuns de banda desenhada, contos, biografias, poesia lírica e um romance. A sua escrita, marcadamente humanista, convida o leitor a experimentar as cores e os aromas da vida e das vidas que se vão desenrolando em seu redor. O recurso às descrições, o concurso permanente dos sentidos e o apelo solidário aos sentimentos impregnam de poesia as suas obras. Os leitores viajam, por entre os livros de César Luís de Carvalho, como viandantes alcançam incansáveis as serranias da Beira, ou como lavradores contam diligentes os bardos que exalam mel pelas encostam benfazejas do Douro.

Cesário Verde
Cesário VerdeJosé Joaquim Cesário Verde (1855-1886) nasceu em Lisboa. Matriculou-se no curso de Letras da Universidade de Lisboa, mas desistiu, indo trabalhar para a loja de ferragens que seu pai tinha na Rua dos Bacalhoeiros. Começou a publicar poesias no Diário de Notícias, no Diário da Tarde, no Ocidente, entre outros. Adoecendo gravemente, fixa-se na quinta da família em Linda-a-Pastora. Morreu tuberculoso ainda muito novo. Foi graças aos esforços do seu amigo Silva Pinto que as suas poesias são postumamente publicadas em volume com o título O Livro do Cesário  (1887). A sua estética literária anda próxima do Parnasianismo.




Cláudio José Nunes
Cláudio José Nunes: Escrevia versos franceses como Vítor Hugo e versos portugueses como nenhum dos seus coevos em Portugal. Nem pétala de flor lírica.As Cenas Contemporâneas, condignamente prefaciadas por Latino Coelho, são poesia de alta meditação, muito deste tempo, viril, realista, mas cheia de augusto ideal, singularmente filosófico. Não temos outro livro sério com que possamos provar que neste país alguém comungara com os grandes pensadores e dera à poesia, menosprezada por fútil, a força de uma alavanca no desmantelamento do edifício velho. Não desmantelou nada; porque em Portugal – ó felicidade da Rua das Hortas e dos Algibebes! – os sapadores nutrem-se da ciência dos seus direitos, a dez réis, e da ciência dos seus deveres, nas eleições, a quartinho o voto e vinho à discrição.Cláudio José Nunes cantou o boticário Franco de Belém em quintilhas tolentinianas, menos amelaçadas que o xarope de James – poesia que o sobredito boticário manipula em laboratório misterioso, quando não pisa leis no almofariz de S. Bento, que mistura e manda, segundo a fórmula constitucional e farmacêutica, para o presidente. Franco rivalizava com Cláudio José Nunes em influências eleitorais na assembleia de Belém. O citrato de magnésio deu-lhe a maioria a Franco. Laxaram-se nele as simpatias e consciências quase todas. Cláudio Nunes tinha muito espírito e grande dignidade; mas não dispunha dos drásticos.Ele morreu na opulência do talento aos quarenta anos de idade. Há muito que não li palavra que recorde o assombroso poeta. Envergonho-me de lhes perguntar se o conhecem.

Conde de Ficalho
Francisco Manuel de Melo Breyner (1837-1903), Conde de Ficalho, historiador da botânica em Portugal, escreveu uma biografia de Garcia de Orta e outra de Pêro da Covilhã. Foi também ficcionista, distinguindo-se com a obra Uma Eleição Perdida, publicada em 1888, que contém a novela do mesmo nome e alguns contos regionais de ambiente alentejano.








Correia Garção
Pedro António Correia Garção (1724-1772) nasceu em Lisboa. Frequentou o curso de Direito da Universidade de Coimbra, mas teve de abandonar os estudos, tornando-se oficial de secretaria e redactor da Gazeta de Lisboa. É considerado um dos mais importantes poetas neoclássicos da litratura portuguesa. Pertenceu à Arcádia Lusitana, utilizando o pseudónimo de Corydon Erimantheo. As suas poesias foram publicadas em 1778 num só volume intitulado Obras Poéticas. Escreveu duas comédias: Teatro Novo e Assembleia ou Partida.

Cristóvão Falcão
Edição da écloga 'Crisfal', Lisboa, 1619Cristóvão Falcão de Sousa terá nascido em Portalegre entre 1515 e 1518 de uma família nobre. Seu pai era cavaleiro, tendo servido como capitão na Mina. Foi educado a partir dos nove anos no Paço, onde aprendeu as belas-artes. Por ter casado com uma menor em segredo, foi condenado e preso no castelo de Lisboa. Saído da prisão cinco anos depois, procurou a sua amada em Lorvão, começando entretanto a escrever o poema Crisfal, onde canta a arrebatadora paixão que o tomara. Em 1542, o rei D. João III, para evitar mais escândalos, enviou-o a Roma como seu agente particular. Regressado ao reino, é despachado em 1545 como capitão da fortaleza de Arguim, na África. Regressou a Portugal em 1547, tendo sido novamente preso devido à agressão a um fidalgo. Em 1551 obtém uma carta de perdão. Terá casado em 1553 com Isabel Caldeira, não se conhecendo mais nada sobre o que depois lhe sucedeu.

Cruz e Silva
António Dinis da Cruz e Silva (1731-1799) formou-se em Direito. Depois de exercer funções de magistratura em Castelo de Vide e Elvas, foi nomeado desembargador da Relação do Rio de Janeiro, aí permanecendo entre 1776 e 1789. Voltou ao Brasil em 1890 para julgar os implicados na revolução de Tiradentes, na qual estava implicado o poeta Tomás Gonzaga. Foi um dos fundadores da Arcádia Lusitana em 1756, adoptando o pseudónimo de Elpino Nonacriense. Além de poemas várias, escreveu o Hissope, poema heróico-cómico.

Curvo Semedo
Curvo Semedo (1766-1838) nasceu em Montemor-o-Novo e faleceu em Lisboa. Foi sócio da Nova Arcádia, tendo rivalizado com Bocage. Traduziu as Fábulas de La Fontaine. A sua obra poética foi reunida no volume Composições Poéticas.










Damião de Góis
Damião de GóisDamião de Góis nasceu em Alenquer em 1502 e faleceu na mesma vila em 1574. É considerado o maior humanista português e um dos maiores na Europa. Conviveu com Erasmo, Lutero, imperadores, reis, príncipes e outras personalidades da vida política e cultural da Europa do século XVI. Viajou por vários países europeus como escrivão da fazenda e como embaixador de Portugal. Foi perseguido pela Inquisição por suspeitas de heresia e por simpatizar com as ideias erasmistas e protestantes. Escreveu várias obras em português, mas foi como latinista que se distinguiu. O escritor Fernando Campos escreveu uma bibliografia romanceada deste autor intitulada A Sala das Perguntas (Difel, 1998).Obras em latim: Legatio Magni Indorum Imperatoris Presbyteri Joannis (1532); Fides, Religio, Moresque Aethiopium (Lovaina, 1540); Aliquot Opuscula (Lovaina, 1544); Commentarii Rerum Gestarum in India, Citra Gangem a Lusitanis Anno 1538(Lovaina, 1539); Urbis Lovaniensis Obsidio (Lisboa, 1546); De Bello Cambaico Ultimo (Lovaina, 1549); Urbis Olisiponis Descriptio (Évora, 1554).Obras em português: Crónica do Felicíssimo Rei D. Manuel (Lisboa, 1566-1567, em quatro partes); Crónica do Príncipe D. João (Lisboa, 1567).

Daniel Gouveia
Daniel GouveiaDaniel Alves Gouveia nasceu em Lisboa, em 1943. Estudou até ao 3º ano da Faculdade de Letras de Lisboa, curso de Filologia Românica, que não retomou após o serviço militar. Foi fundador do Grupo de Teatro da Faculdade de Letras de Lisboa, de parceria com Maria do Céu Guerra, Fiama Hasse Pais Brandão, Ivo José de Castro, Luís Lima Barreto e António Machado Guerreiro. Profissionalmente, é consultor de empresas em Gestão Comercial e Comunicação, consultor literário de duas editoras livreiras e formador numa escola de construção de instrumentos musicais.Publicou artigos sobre História dos Descobrimentos e de opinião, no jornal «Notícias do Mar», entre 1984 e 1996. Em 1994 venceu, em parceria com uma das suas filhas, a 18ª sessão do concurso literário «Quem Conta um Conto», da RTP 2, sendo o júri formado por Rita Ferro, Mário Zambujal e Inês Pedrosa.Publicou, em Novembro de 1996, na Hugin Editores, o livro Arcanjos e Bons Demónios, relatos verídicos do que presenciou e protagonizou durante o serviço militar em Angola, onde comandou, como Alferes Miliciano, um pelotão de Caçadores de Infantaria e dois destacamentos de tropa africana dos Grupos Especiais (2ª edição em Julho 2002). Em 2001, este livro foi adoptado na cadeira de Cultura Luso-Brasileira, da Universidade de Santiago do Chile, para o estudo da guerra portuguesa em África 1961-74.

Daniel de Sá
Daniel de SáDaniel Augusto Raposo de Sá nasceu na Maia, S. Miguel, Açores, a 02/03/1944. Reside na Rua dos Foros, 8, 9625 Maia (S. Miguel).












Diogo Bernardes
Diogo Bernardes (1520-1605) nasceu em Ponte da Barca, Alto Minho, e estudou em Braga. Foi moço de câmara do rei D. Sebastião e acompanhou-o a Alcácer Quibir (1578), tendo ficado prisioneiro dos Mouros depois da batalha. Relacionou-se com Ántonio Ferreira, Sá de Miranda e Pêro Andrade Caminha, tendo partilhado com eles as concepções clássicas, como a fidelidade aos modelos greco-latinos e renascentistas espanhóis e italianos. Obras: Rimas ao Bom Jesus e à Virgem Gloriosa sua Mãe (1595), O Lima (1596) e Flores do Lima (1597).






Diogo de Macedo
Diogo de Macedo: É um dos bons poetas que esmaltam o Parlamento actual. São bastantes. Se se combinassem, poderiam dar o Diário das Câmaras em quintilhas, ou redigir um lindo semanário intitulado A Lira de São Bento, 10 réis, vale a pena. E outrossim ilustrarem o periódico com veras efígies dos Isócrates em grupos e charadas e estudos sobre a língua para uso da casa. O Sr. Macedo entra no Parlamento com a fé robusta dos homens novos e com bom carcás de adjectivos lancinantes. Se tiver ocasião de os flamejar contra o Sr. Arrobas, peço-lhe que o reduza a meias onças.






Diogo Ferreira Figueiroa
Diogo Ferreira Figueiroa (1604-1674): era criado do futuro rei D. João IV e cantor da capela do Paço de Vila Viçosa. Após a Restauração, mudou-se com a família real para Lisboa. Como poeta, foi autor de Desmaios de Maio em Sombra do Mondego, publicado em Vila Viçosa em 1635, e de Teatro da Maior Façanha e Glória Portuguesa, publicado em Lisboa em 1642. Esta última obra, dedicada ao príncipe D. Teodósio, filho de D. João IV, apresenta-se sob a forma de epopeia com seis cantos em oitava rima, e canta o fim do domínio filipino em Portugal e o início da dinastia de Bragança.

Domingos Lobo
Domingos Lobo nasceu em Nagosela, Santa Comba Dão, a 1 de Novembro de 1946. É autor de: Os Navios Negreiros Não Sobem o Cuando (romance - Ed. Vega, 1993 - Prémio Literário Cidade de Torres Vedras); Pés Nus Na Água Fria (romance - Ed. Vega, 1998); Voos de Pássaro Cego (poesia - Ed. Vega, 2000); As Máscaras Sobre o Fogo (romance- Ed. Vega 2000); e Quando os Medos Ardem (teatro - Garrido Ed., 2001).








D. Afonso X
D. Afonso X, o Sábio (1221-1284), foi rei de Leão e Castela. Era avô do rei D. Dinis. É considerado o grande renovador da cultura peninsular na segunda metade do século XIII. Acolheu na sua corte e trovadores, tendo ele próprio escrito um sem número de composições em galaico-português que ficaram conhecidas comoCantigas de Santa Maria. Promoveu, além da poesia, a historiografia, a astronomia, o direito, etc., tendo sido elaboradas com o seu apoio a General Historia, a Cronica de España, Libro de los Juegos, Las Siete Partidas, Fuero Real, Libros del Saber de Astronomia, entre outras. Muitas das suas composições poéticas foram recolhidas no CBN, CV e CBA.





D. Dinis
D. Dinis (1261-1325) era filho do rei D. Afonso III e neto de D. Afonso X, rei de Leão e Castela. Subiu ao trono de Portugal em 1279. Foi no seu reinado que o Português se tornou a língua dos documentos oficiais. Conhecido como rei lavrador, desenvolveu a agricultura e ordenou a plantação do Pinhal de Leiria. Foi também trovador, um dos maiores da sua época, tendo chegado até nós 138 cantigas por ele compostas.




D. Duarte
D. Duarte (1391-1438) nasceu em Viseu. Era filho do rei D. João I, Mestre de Avis, e de D. Filipa de Lencastre. Foi o décimo primeiro rei de Portugal e o segundo da segunda dinastia, tendo ascendido ao trono com a morte de seu pai em 1433. D. Duarte foi um rei dado às letras, tendo fomentado a tradução de autores latinos e italianos e organizando uma importante biblioteca particular. Ele próprio nas suas obras mostra conhecimento dos autores latinos.







D. Francisco Manuel de Melo
D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666) nasceu em Lisboa de família nobre. Começou muito novo a frequentar a corte, cursou Humanidades no Colégio de Santo Antão e dedicou-se ao estudo da Matemática, pois pensava seguir a carreira das armas. Militou na marinha e, depois de um naufrágio que sofrera, estabeleceu-se na corte de Madrid. Em 1639 comandou um regimento na Flandres e lutou contra os Holandeses. Em 1641, encontrando-se em Londres, aderiu à causa da independência em Portugal, regressando ao reino onde, depois de receber a comenda da Ordem de Cristo, é acusado e preso por conivência no assassinato de Francisco Cardoso. É na prisão que escreverá as suas melhores obras. Destacamos: Carta de Guia de Casados (Lisboa, 1651), Epanáforas de Vária História Portuguesa (Lisboa, 1660), Obras Morales (Roma, 1664), Cartas Familiares (Roma, 1664), Obras Métricas (França, 1665), Auto do Fidalgo Aprendiz (Lisboa, 1676), Apólogos Dialogais (Lisboa, 1721), D. Teodósio Duque de Bragança e As Segundas Três Musas (1945 e 1966), onde se coligem sonetos, éclogas e as redondilhas de influência camoniana O Canto da Babilonía. É considerado um dos mais importantes autores do Barroco em Portugal.

D. João da Câmara
D. João da CâmaraD. João Gonçalves Zarco da Câmara (1852-1908) nasceu e faleceu em Lisboa. Formou-se em engenharia no Instituto Industrial e trabalhou na administração dos Caminhos de Ferro. Dedicou-se à dramaturgia e ao jornalismo, tendo sido considerado o maior dramaturgo da geração finissecular. Escreveu cerca de quarenta peças de teatro, entre traduções e adapções de romances, como o Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco. Das suas obras destacam-se: Teatro – Nobreza (1873), D. Brízida (1888), D. Afonso VI (1890), Alcácir Quibir(1891), O Burro do Senhor Alcaide (1891), Os Velhos (1893), Pântano (1894), A Toutinegra Real (1895), O Ganha-Perde (1895), O Beijo do Infante (1898), Rosa Enjeitada (1901), Os Dois Barcos (1902), O Poeta e a Saudade (1903), Casamento e Mortalha (1904), Meia-Noite(1909). Prosa – El-Rei (1895), O Conde de Castelo Melhor (1903), Contos do Natal (1909). Poesia – A Cidade (1908).


D. João Peres de Aboim
D. João Peres de Aboim ou D. Juan Pérez de Aboin, era um fidalgo protegido de D. Afonso III. Foi trovador, chegando até nós onze cantigas de amigo, duas de amor, uma pastorela e três cantigas de maldizer. As suas composições foram recolhidas no CBN, CV e CBA.
Bibliografia: Carolina Michaelis, Cancioneiro da Ajuda, II, pp. 354-364. Braacamp Freire, «D. João de Aboim», em Arquivo Histórico Português, IV, Lisboa, 1906, pp. 106-194. J. J. Nunes, Cantigas de Amigo, vol. I, pp. 276-279, II, pp. 90-102, III, pp. 92-102.

D. Tomás de Noronha
D. Tomás de Noronha nasceu em Alenquer, em data incerta, e terá falecido em 1651. Era filho de um fidalgo escudeiro do rei D. Sebastião. Casou com uma prima e, tendo enviuvado, casou pela segunda vez. Jacinto Cordeiro, no seu Elogio dos Poetas Lusitanos (1631), coloca-o entre os mais célebres poetas do seu tempo. Devido ao carácter satírico das suas composições poéticas, era conhecido como o «Marcial de Alenquer». Foi um dos primeiros poetas barrocos a sentir o ridículo do artificiosismo e a reagir contra ele. A sua produção poética conhecida vem compilada na Fénix Renascida e na colectânea que Mendes dos Remédios publicou em 1899.




Eça de Queirós

Eça de QueirósJosé Maria Eça de Queirós (1845-1900) nasceu na Póvoa de Varzim e faleceu em Paris. Estudou Direiro na Universidade de Coimbra, tornando-se amigo de Antero de Quental, entre outros. Participou nas Conferências do Casino e é um dos da Geração de 70. Foi nomeado cônsul, tendo viajado pelo Egipto, Cuba, Londres, Paris, etc. Das suas obras destacam-se Uma Campanha Alegre(1871), O Crime do Padre Amaro (1875-1876), O Primo Basílio (1878), A Relíquia (1887), Os Maias (1888), A Correspondência de Fradique Mendes (1900), A Cidade e as Serras (1901), Contos (1902) e Prosas Bárbaras (1903). Traduziu o romance de Rider Haggard, As Minas de Salomão. É considerado um dos maiores romancistas portugueses do século XIX.






Edgar Carneiro

Edgar Carneiro nasceu em Chaves no dia 8 de Maio de 1913. Fez os estudos secundários no Colégio de Lamego e nos liceus de Chaves e Vila Real. Licenciou-se em Ciências Históricas e Filosóficas na Universidade de Coimbra, exercendo depois a docência em Escolas Industriais e Comerciais e nas Secundárias. Foi também professor do Ensino Liceal em colégio particular. Desde há muitos anos residente em Espinho, participa na tertúlia "Onda Poética", onde colabora na divulgação da Poesia e onde continua a dar a conhecer as suas mais recentes criaçõesAinda estudante universitário, editou em 1934 o seu primeiro livro, Caminhos de Fogo, que logo retirou do mercado por julgá-lo imaturo. Só voltou a editar novo livro em 1978, a que deu o título de Poemas Transmontanos . A este seguiram-se mais dez títulos, sendo de salientar Rosa Pedra, A Boca na Fonte e Antologia Poética, da Elefante Editores, que permite uma abordagem global aos seus temas preferidos. Com 86 anos, lançou ainda, em Outubro de 2000, um conjunto de poemas eróticos, intitulado Lúdica.Os seus temas preferidos giram à volta do seu repúdio pela guerra e pelos regimes totalitários, e da exaltação da Natureza e do Amor.Consta do Dicionário Cronológico de Autores Portugueses (Publicações Europa-América – Vol. IV), onde vêm inseridas apreciações críticas da sua escrita. Assim, segundo Luís de Miranda Rocha, são dois os fundamentais motivos de interesse da sua poesia: o primeiro é o rigor da escrita – agilidade estilística, domínio de meios expressivos, economia discursiva, outras qualidades que à noção de rigor vulgarmente se associam; o segundo é a dependência no referencial em relação à realidade social, regional. A outra referência é de João Gaspar Simões que via na sua poesia através de um verbalismo que se ponderabilizou na escola dos poetas dramáticos (particularmente Torga) uma altura considerável no nosso lirismo.Ernesto Rodrigues reputa-o como o nosso melhor artista em verso curto e Fernão de Magalhães Gonçalves assevera que o seu livro Rosa Pedra é uma obra-prima e que era impossível ir-se mais longe na contenção emotiva e no bom gosto.


Eduardo Vidal
O Sr. Eduardo Vidal um poeta lírico e quase singular em duas qualidades excelentes, nesta época de galicismos e de castração do amor ama, primeira qualidade; segunda, e mais rara: faz correctíssimas líricas do seu amor. Não lhe sei a idade. As suas poesias rescendem vinte primaveras. Quando eu era moço, cheirava-as com certa inveja e com tal qual ciúme. Agora, quando o leio – e nunca deixo de o reler –, sinto pruir-me a saudade do anjo que a mim me fugiu, e a ele lhe grudou nas espáduas as nitentes asas.




Emanuel Dimas de Melo Pimenta
Emanuel Dimas de Melo Pimenta é arquitecto, urbanista e compositor de música erudita contemporânea. Recebeu o prémio Destaque de Marketing em 1977 pela Associação Brasileira de Marketing; o prémio APCA pela Associação Paulista de Críticos de Arte em 1986; o prémio Lac Maggiore, pelo Governo Regional da Lombardia, Associação Internacional de Críticos de Arte, Unesco e Conselho de Europa em 1994. Em 1993 os seus trabalhos foram seleccionados pela Unesco, em Paris, considerando-o um dos mais representativos artistas multimedia. É membro do Tribunal Europeu do Ambiente, onde tem actuado como membro da direcção desde 1995. É, ainda, membro activo da Academia de Ciências de Nova York, da Sociedade Americana para o Progresso da Ciência em Washington DC, da AIVAC Association Internationale pour la Video dans les Arts et la Culture, em Locarno, e membro fundador da International Society for the Interdisciplinary Study of Symmetry, com sede em Budapeste. Estudou, entre outros, com Hans Joachim Koellreutter, Eduardo Corona, Eduardo Kneese de Mello, Décio Pignatari, Holger Czukai e Roti Nielba Turin. Trabalhou junto a John Cage de 1985 até ao seu desaparecimento em 1992.É compositor para Merce Conningham, em Nova York, desde 1985. É também compositor para a Appels Dance Company de Nova York, desde 1990. As suas composições têm sido executadas em diversos países por importantes músicos como John Cage, David Tudor, Takehisa Kosugi, Maurizio Barbetti, John Tilbury, Martha Mooke, John DS Adams, Michael Pugliese e o Manhattan Quartet entre outros. É membro do Conselho Editorial da RISK ARTE OGGI, em Milão. Tem sido convidado como conferencista e professor, por diversas Instituições, entre as quais as universidades de Nova York, de Lisboa, de Coimbra, de Lausanne, de São Paulo, de Tsulsuba, pela Fundação Calouste Gulbenkian, pela Fundação Monte Veritá e pelo Instituto de Tecnologia Technion de Haifa.Os seus trabalhos estão incluídos na Enciclopédia Universalis, no Sloninsky Baker's Art Dictionary e no All Music Guide – the expert's guide to the best cds. Tem os seus trabalhos, papers, livros, projectos de arquitectura e compact discs publicados em Inglaterra Estados Unidos, Japão. Holanda, Portugal, Brasil, Alemanha, Suíça, Hungria, Itália e Espanha. Desenvolve projectos de arquitectura, urbanismo e música contemporânea utilizando tecnologias de Realidade Virtual e ciberespaço. Na década de 80 criou o termo e o conceito "arquitectura virtual", que se tornaria mundialmente utilizado, inclusive como disciplina em várias faculdades de arquitectura em diversos países. Entre os seus livros publicados, destacam-se Tapas – Arquitectura e o Inconsciente (1985), Virtual Architecture (1990) e Teleantropos (1999).


Emanuel Félix

Emanuel FélixEmanuel Félix Borges da Silva nasceu em Angra do Heroísmo a 24 de Outubro de 1936 e faleceu no dia 14 de Fevereiro de 2004 na mesma cidade. Poeta, ensaísta, autor de contos e crónicas, crítico literário e de artes plásticas. Foi considerado o introdutor do concretismo poético em Portugal, que cedo rejeitou, tendo passado pela experiência surrealista.Fundou e foi co-director da revista Gávea (1958). É co-director da revista Atlântida, do Instituto Açoriano de Cultura. Iniciou os seus estudos nos Açores, tendo, porém, feito quase toda a sua preparação técnico-profissional no estrangeiro, designadamente no Instituto Francês de Restauro de Obras de Arte (Paris), na Escola Superior de Belas-Artes do Anderlecht e na Universidade Católica de Lovaina, onde se especializou no Laboratório de Estudo de Obras de Arte por Métodos Científicos do Instituto Superior de Arqueologia e História da Arte da mesma Universidade.Efectuou visitas de estudo e frequentou estágios de longa duração em institutos superiores e serviços científicos de museus de Paris, Ruão, Bruxelas, Liége, Amsterdão, Londres, Roma, Florença, etc.


Eugénio de Andrade

Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, nasceu no dia 19/01/1923 em Póvoa de Atalaia, concelho do Fundão, e faleceu no Porto no dia 13/06/2005. Viveu em Lisboa, onde frequentou a Escola Técnica Machado de Castro. Terminados os estudos liceais, cumpriu o serviço militar e entrou para o funcionalismo público como inspector dos Serviços Médico-Sociais (1947-1983). Em 1950, é transferido para o Porto, onde fixa residência. Desde cedo se dedicou à poesia, alcançando grande notoriedade com livros como As Mãos e os Frutos (1948) e Os Amantes sem Dinheiro (1950). Traduziu vários poetas estrangeiros, de que se destacam Federico García Lorca e Safo, e organizou várias antologias, sendo a mais conhecida a que dedicou ao Porto com o título Daqui Houve Nome Portugal(1968). Em 1982, o Presidente da República conferiu-lhe o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Em 1989, ganhou o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro O Outro Nome da Terra. Nesse mesmo ano, recebeu o prémio Jean Malrieu para o melhor livro de poesia estrangeira publicado em França com a obra Blanc sur Blanc. Em 1990, é criada no Porto a Fundação Eugénio de Andrade.


Eugénio de Castro

A Despedida de Eugénio de CastroEugénio de Castro e Almeida (1869-1944) nasceu e faleceu em Coimbra. Foi director da revista Arte entre 1895 e 1896, onde colaboraram, entre outros, Verlaine e Mallarmé. É considerado o introdutor do Simbolismo em Portugal. Obras: Cristalizações da Morte (1884), Canções de Abril (1884), Jesus de Nazareth (1885), Per Umbram (1887), Horas Tristes (1888), Oaristos (1890),Horas (1891), Sylva (1894), Interlúnio (1894), Belkiss (1894), Tirésias (1895), Sagramor (1895), Salomé e Outros Poemas (1896),A Nereide de Harlém (1896), O Rei Galaor (1897), Saudades do Céu (1899), Constança (1900), Depois da Ceifa (1901), A Sombra do Quadrante (1906), O Anel de Polícrates (1907), A Fonte do Sátiro (1908), O Cavaleiro das Mãos Irresistíveis (1916),Camafeus Romanos (1921), tentação de São Macário (1922), Canções desta Negra Vida (1922), Cravos de Papel (1922), A mantilha de Medronhos (1923), A Caixinha das Cem Conchas (1923), Descendo a Encosta (1924), Chamas duma Candeia Velha(1925), Éclogas (1929), Últimos Versos (1938).
Fernanda Botelho
Maria Fernanda Botelho (1926) nasceu no Porto. Foi, nos anos 50, uma das fundadora da revista Távola Redonda. Tornando-se conhecida como poetisa primeiro e como romancista depois. Ganhou vários prémios, entre os quais o Prémio Camilo Castelo Branco, o Prémio da Crítica e o Prémio Eça de Queirós. Obras poéticas: Coordenadas Líricas (1951). Obras de ficção: O Enigma das Sete Alíneas (1956), O Ângulo Raso (1957), Calendário Privado (1958), A Gata e a Fábula(1960), Xerazade e os Outros (1964), Terra sem Música (1969), Lourenço é nome de Jogral (1971), Esta Noite Sonhei com Brueghel (1987), Festa em Casa de Flores (1990), Dramaticamente Vestida de Negro (1994).








Fernando Aires

Fernando AiresFernando Aires nasceu em Ponta Delgada, ilha de São Miguel (Açores) em 1928 e faleceu em 2010 na mesma cidade. Frequentou o Liceu Nacional da mesma cidade entre 1940-1947 onde completou o Curso Complementar de Letras. Matriculado na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas. Professor efectivo no Liceu Antero de Quental, cumulativamente orientou estágios pedagógicos durante vários anos e leccionou a cadeira de Psicopedagogia na Escola do Magistério Primário de Ponta Delgada. Aposentou-se na situação de assistente-convidado da Universidade dos Açores, cargo que exerceu de 1975 a 1994. Pertenceu ao grupo que, nos anos 40, fundou o Círculo Cultural Antero de Quental, destinado a introduzir o Modernismo nos Açores. De 1978 a 1989, fez parte da Direcção do Instituto Cultural de Ponta Delgada. Está representado na Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, onde tem colaborado desde 1993.


Fernando Cabral Martins

Fernando Cabral Martins nasceu a 4 de Fevereiro de 1950. Doutorado em Literatura Portuguesa Moderna com uma tese sobre Mário de Sá-Carneiro, defendida em 1993, é professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Tem colaboração literária dispersa, quer de ensaio quer de ficção, desde 1965. Foi também crítico de cinema em jornais e revistas entre 1972 e 1994.



Fernando Caldeira
Fernando Caldeira: Acerca de pés, poesia tão imbrincada, tão fagueira, tão dengue, com tantos suspiros e aromas e beijos e quindins, ninguém a urdiu como este poeta. Fazer de um composto do tarso, metatarso, falanges, músculos, nervos e cartilagens um tecido de frases tão ternas e lânguidas, isso, para mim, tem mais engenho e poesia, mais ideal e estética, mais perrexil e atavios, que os dois pés reais da dona do pé cantado.Esta poesia em Inglaterra seria inverosímil. Ninguém diz em Inglaterra pé grande: evitam-se cautelosamente os pleonasmos num pais onde o tempo é dinheiro e as palavras de mais são desperdícios. Tenho a colecção dos poetas britânicos de Samuel Johnson. São sessenta e oito tornos. Pois não há poeta, um só, que cante um pé de inglesa, nem de ninguém.O próprio Byron, posto que desdenhoso da sua pátria, respeitava por tanta maneira os pés das senhoras suas patrícias que, nas poesias enviadas às suas amadas italianas, ou lhes não falava nos pés, ou, se a rima o obrigava, abstinha-se de lhes chamar pequenos. Aqui tenho um exemplo à mão. É uma poesia à condessa Guiccioli, que devia ter um pé benemérito das carícias de Fernando Caldeira. Diz Byron, com os olhos postos no rio Pó: «A corrente que meus olhos seguem irá lamber as muralhas da sua terra natal e murmurar-lhe aos pés


Fernando Campos
Fernando Campos nasceu em 1926, em Águas Santas, Porto. Licenciou-se em Filologia Clássica na Universidade de Coimbra, vindo a trabalhar como professor do ensino secundário. Estreou-se como ficcionista aos 64 anos de idade com o romance histórico, baseado no Itinerário da Terra Santa (1593) de Frei Pantaleão de Aveiro, A Casa do Pó (1986). Outras obras: Psiché (romance, 1987), O Homem da Máquina de Escrever (novela, 1987), O Pesadelo de dEus (1990), A Esmeralda Partida (romance, 1995), A Sala das Perguntas (romance, 1998), Viagem ao Ponto de Fuga (contos, 1999), A Ponte dos Suspiros (romance, 2000), ...que o meu pé prende... (romance, 2001), O Prisioneiro da Torre Velha (romance, 2003), O Cavaleiro da Águia (romance, 2005).


Fernando Echevarría
Fernando EchevarríaFernando Echevarría nasceu a 26 de Fevereiro de 1929 em Cabezón de la Sal. Cursou Humanidades em Portugal, Filosofia e Teologia em Espanha. Exilado em Paris desde 1961, parte para Argel a fins de 1963, regressando àquela cidade em meados de 66. Aí reside desde então.




















Fernando Guimarães

Fernando Guimarães nasceu no Porto em 1928. Tem-se notabilizado como poeta, ensaísta e tradutor. A sua obra poética encontra-se reunida nos seguintes livros: Casa O seu Desenho, IN-CM, 1985; Poesias Completas, vol. I: 1952-1988, Edições Afrontamento, 1994; A Analogia das Folhas, ed. Limiar, 1990; O Anel Débil, Edições Afrontamento, 1992. A sua obra ensaística orienta-se para o estudo de questões teóricas, ligadas à estética, e da evolução da poesia portuguesa nos últimos cem anos, a partir de grandes movimentos como o Simbolismo, o Saudosismo ou o Modernismo. Nestes dois domínios publicou: A Poesia da "Presença" e o Aparecimento do Neo-Realismo, Ed. Brasília; Linguagem e Ideologia, ed. Lello; Simbolismo, Modernismo e Vanguardas, ed. Lello; Poética do Saudosismo, ed. Presença; A Poesia Portuguesa Contemporânea e o Fim do Modernismo, Editorial Caminho; Poética do Simbolismo em Portugal, IN-CM;Conhecimento e Poesia, ed. Oficina Musical; Os Problemas da Modernidade, ed. Presença. É também autor de um livro de narrativas: As Quatro Idades, ed. Presença, 1996. Traduziu, em livro, poemas de Byron, Shelley, Keats, Dylon Thomas e, em colaboração com Maria de Lourdes Guimarães, Hugo von Hofmannsthal e Elaine Feinstein.Robert Bréchon (em Georges Le Gentil, La Littérature Portugaise) refere-se à sua obra poética nestes termos: «Il chante à mi-voix, avec une ardeur contenue, l'intimité du jour et de la nuit, des saisons et des heures, des fleures et des corps. Mais ce chant si simple a quelque chose de secret, en raison de ce que Rémy Hourcade appelle les "glissements métaphysiques" et les autres "procédés très stricts", qui constituent toute une savante rhétorique»


Fernando Miguel Bernardes
Fernando Miguel Bernardes nasceu no dia 14 de Dezembro de 1929 em Gândara dos Olivais, Leiria. Fez os primeiros estudos em Leiria, frequentando depois a Universidade de Coimbra e a Universidade Clássica de Lisboa, onde tirou o curso de engenheiro geógrafo. Fez um curso de pós-graduação em Cálculo Científico como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi professor do ensino secundário e professor do ensino superior, trabalhou em várias empresas e foi director do Departamento de Acção Sociocultural da Câmara Municipal de Almada. Tem participado em vários colóquios e programas relacionados com a motivação para a leitura de crianças e jovens.








Fernando Namora
Fernando Gonçalves Namora (1919-1989) nasceu em Condeixa-a-Nova e faleceu em Lisboa. Formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra, tendo a sua profissão de médico grandemente influenciado a sua obra ficcional, em especial na obra Retalhos da Vida de um Médico e Domingo à Tarde. Fernando Namora foi poeta do Novo Cancioneiro, tendo, nos seus primeiros livros de ficção, partilhado das ideias do Neo-realismo. Mais tarde enveredou por um caminho mais próprio.














Fernando Pessoa

Fernando PessoaFernando António Nogueira Pessoa (1888-1935) nasceu em Lisboa, partindo, após o falecimento do pai e o segundo casamento da mãe, para África do Sul. Frequentou várias escolas, recebendo uma educação inglesa. Regressa a Portugal em 1905 fixando-se em Lisboa, onde inicia uma intensa actividade literária. Simpatizante da Renascença Portuguesa, corta com ela e em 1915, com Mario de sa, Almada Negreiros e outros, esforça-se por renovar a literatura portuguesa através da criação da revista Orpheu, veículo de novas ideias e novas estéticas. Devido à sua capacidade de «outrar-se», cria vários heterónimos (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares, etc.), assinando as suas obras de acordo com a personalidade de cada heterónimo. Colabora em várias revistas, publica em livro os seus poemas escritos em inglês e, em 1934, ganha o concurso literário promovido pelo Secretariado de Propaganda Nacional, categoria B, com a obra Mensagem, que publica no mesmo ano. Faleceu prematuramente em 1935, deixando grande parte da sua obra ainda inédita. É considerado um dos maiores poetas portugueses.


Fernando Venâncio
Fernando Venâncio nasceu em Mértola em 1944. Fez os estudos primários em Lisboa e os estudos secundários no Seminário da Falperra, em Braga. Cursou Filosofia em Vila Nova de Ourém e Teologia em Lisboa. Em 1970, fixa-se em Amsterdão, vindo a formar-se em Linguística Geral na universidade da capital holandesa em 1976. Iniciou dois anos depois actividade universidade no Departamento de Estudos Portugueses em Nimega. Transitou para a Universidade de Utreque em 1984, regressando em 1988 à Universidade de Amsterdão. Doutorou-se em 1995 com a dissertação Estilo e Preconceito. A Língua Literária em Portugal na Época de Castilho (Edições Cosmos, 1998). Traduziu do neerlandês a colectânea de poesia Uma Migalha na Saia do Universo (Assírio & Alvim, 1997) e Um Almoço de Negócios em Sintra de Gerrit Komrij (Asa, 1999). Tem colaborado como cronista e crítico literário em várias publicações, de que se destacam oJL, a revista Ler e Colóquio/Letras. Em 1999, publicou o seu primeiro romance: Os Esquemas de Fradique (Lisboa, Grifo). Em 2001, publicou o segundo romance:El-Rei no Porto (Porto, Edições, Asa). Outras obras: José Saramago: A Luz e o Sombreado (Campo das Letras, 2000), Maquinaçoes e Bons Sentimentos(colectânea de crónicas, Campo das Letras, 2002), Objectos Achado - Ensaios Literários (Caixotim, 2002), Quem Inventou Marrocos: Diários de Viagem (Editora Ausência, 2004), Último Minuete em Lisboa (Assírio & Alvim, 2008).


Fernão Álvares do Oriente
Da vida de Fernão Álvares do Oriente (c. 1540 – c.1600) pouco ou nada se sabe. É provável que tenha nascido em Goa (o que se pode inferir da biografia da personagem Olívio/Felício, seu criptónimo, na Lusitânia Transformada), mas a hipótese de ter nascido em Portugal não pode ser desprezada sem exame crítico. Ao certo, sabe-se que no final de Dezembro de 1572, quando era Vice-Rei da D. António de Noronha, foi como capitão de uma fusta (de entre setenta e seis) em socorro da fortaleza de Damão, que, governada por D. Luís de Almeida, então se encontrava ameaçada pelos Mogores; pouco depois de Setembro de 1573, sendo António Moniz Barreto Governador da Índia, Fernão Álvares do Oriente era capitão de uma das dezassete fustas que, sob o comando de Fernão Teles, partiram para a Costa Norte; em alvará de 25 de Setembro de 1577, D. Sebastião faz saber que se Fernão Álvares do Oriente, cavaleiro fidalgo de sua casa, falecer antes de poder fazer duas viagens da China para Sunda, como lhe fizera mercê, as poderia fazer outra pessoa nomeada por ele, Fernão Álvares do Oriente; noutro alvará de 15 de Março de 1587, Filipe II faz saber que Fernão Álvares do Oriente, agora cavaleiro de sua casa e capitão de navio da sua armada, pelos serviços que lhe prestara não só nas partes da Índia, como também no Reino, e por ter acompanhado D. Sebastião a Alcácer Quibir, onde comandara uma companhia de soldados e ficara cativo, receberia a mercê de duas viagens ao Coromandel; é provável que um Fernão Álvares, que, em 1587 ainda, se distinguiu na defesa da fortaleza de Colombo, no Ceilão, seja Fernão Álvares do Oriente; em carta de Filipe II ao Vice-Rei da Índia Matias de Albuquerque, datada de 25 de Janeiro de 1591, refere o Rei que foi informado de que Fernão Álvares do Oriente, chegado havia pouco à Índia, lá começara a divulgar novas prejudiciais ao Reino e ao Rei, pelo que devia ser mandado regressar de imediato; já é menos provável que este documento histórico diga respeito a Fernão Álvares do Oriente: em carta de 3 de Março de 1600, Filipe III, em paga de serviços que um Fernão Álvares lhe prestara por doze anos nas armadas e fortalezas da Índia, fá-lo escrivão do galeão da carreira de Maluco por duas viagens, devendo, para a mercê ter efeito, partir no próprio ano. É tudo o que da vida de Fernão Álvares do Oriente se sabe, actualmente. Escreveu, tanto quanto se sabe, uma única obra, o primeiro romance português verdadeiramente moderno (na matéria da expressão, no conteúdo e nas técnicas narrativas), a Lusitânia Transformada, texto de género pastoril em prosa e verso, publicado a título póstumo em 1607. Trata-se de uma obra de imaginário messiânico sobre a decadência do Portugal no final de Quinhentos e sobre a superação transcendente dessa decadência, que nos ajuda a compreender o processo histórico e metafísico que antecedeu e que se seguiu à perda da Independência Nacional, em 1580. Distingue-se, ainda, a Lusitânia Transformada, pelo rico e interessante diálogo literário, cultural e histórico que estabelece com Os Lusíadas e pela exaltação da figura de Camões, que é, aliás, uma das personagens da obra, que teve mais duas edições, uma em 1791 e outra em 1985.


Fernão de Magalhães Gonçalves
Fernão de Magalhães Gonçalves (1943-1988) nasceu em Jou, no concelho de Murça, Trás-os-Montes. Foi professor em Murça, Chaves e nas universidades de Granada, Espanha, e Seul, Coreia do Sul. Foi poeta, ensaísta e investigador. A sua obra ensaística é basicamente dedicada a Miguel Torga. Obras: Sete Meditações sobre Miguel Torga (Coimbra, 1976), Manifesto por uma Literatura Legível I (Coimbra, 1979), Manifesto por uma Literatura Legível II (Coimbra, 1980),Andamento (poesia, Coimbra, 1984), De Fernão Lopes a Miguel Torga (Granada, 1985), Ser e Ler Torga (Lisboa, 1987), Memória Imperfeita (poesia, Lisboa, 1987), Nueve Poemas (poesia, Granada, 1987), Júbilo da Seiva (poesia, Coimbra, 1988), Modo de Vida (Braga, 1988), Assinalados (Braga, 1989), Algumas Cartas (Braga, 1990), Obra Poética - Antologia (Viana do Castelo, 1992), Ser Torga (Porto, 1992), Ser e Ler Miguel Torga (Porto, 1998)


Fernão Lopes

Página da Crónica de D. João IFernão Lopes (1380?– 1460?) terá nascido em Lisboa, de uma família do povo. É considerado o maior historiógrafo de língua portuguesa, aliando a investigação à preocupação pela busca da verdade. Foi escrivão de livros do rei D. João I e «escrivão da puridade» do infante D. Fernando. D. Duarte concedeu-lhe uma tença anual para ele se dedicar à investigação da história do reino, devendo redigir uma Crónica Geral do Reino de Portugal. Correu a província a buscar informações, informações estas que depois lhe serviram para escrever as várias crónicas (Cronica de D.Pedro I, Cronica de D.Fernando, Cronica de D.João I Crónica de Cinco Reis de Portugal e Crónicas dos Sete Primeiros Reis de Portugal). Foi «guardador das escrituras» da Torre do Tombo.






Fernão Lopes de Castanheda
Fernão Lopes de Castanheda (1500-1559) nasceu em Santarém e faleceu em Coimbra. Era filho do licenciado Lopo Fernandes de Castanheda que exercia o cargo de juiz de fora em Santarém. Estudou no Convento de São Domingos e em 1528 partiu para a Índia com seu pai, que tinha sido nomeado ouvidor de Goa. Regressou a Portugal em 1538 e em 1545 foi nomeado bedel do Colégio das Artes, assim como guarda do cartório e da livraria da Universidade de Coimbra. É nesssa altura que termina a Historia do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses, começada a publicar em 1551 e traduzida para francês por de Nicolau de Grouchy, professor da Universidade. A História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses foi publicada em oito volumes, saídos entre 1551 e 1561, sendo traduzida, além do francês, para castelhano (1554), italiano (1578) e inglês (1582).


Fernão Mendes Pinto

Fernão Mendes Pinto (1510?-1583) nasceu em Montemor-o-Velho e faleceu em Almada. Pouco se sabe da vida real deste autor. Pensa-se que era um comerciante que negociava no Índico, entre o Japão, a Índia e a China. Regressou a Portugal por volta de 1557 e casou com D. Maria Correia Brito, instalando-se numa quinta do Pragal. Aí escreveu a Peregrinação, publicada postumamente em Lisboa em 1614. Devido a certa faceta hiperbólica, tornou-se conhecido como «Fernão: Mentes? Minto».














Ferreira de Castro
José Maria Ferreira de Castro (Oliveira de Azeméis 24-5-1818 - Porto 29-6-1974 - no Hospital Geral Santo António) passou a juventude no Brasil, para onde foi como emigrante depois de completar os estudos primários. Um verdadeiro autodidacta, Ferreira de Castro granjeou notoriedade internacional, tendo sido um dos autores portugueses mais traduzidos desde sempre. Quando regressou a Portugal, dedicou-se ao jornalismo, tendo sido redactor de O Século e director de O Diabo. Obras de ficção: Emigrantes, (1928), A Selva, (1930), Eternidade (1933), Terra Fria (1934), A Lã e a Neve (1947), A Curva da Estrada (1950), A Missão(1954), O Instinto Supremo (1968). Teatro: Sim, uma Dúvida Basta (1994). Ensaio: A Volta ao Mundo (1944), As Maravilhas Artísticas do Mundo, 2 vols. (1959 e 1963).


Fialho de Almeida

Fialho de AlmeidaJosé Valentim Fialho de Almeida (1857-1911), filho de um mestre-escola, nasceu em Vilar de Frades, Cuba, Alentejo. Foi para Lisboa onde frequentou durante seis o Colégio Europeu. Devido a dificuldades económicas da família, empregou-se em 1872 como ajudante de farmácia e com muito esforço conseguiu tirar o curso de Medicina na Escola Médico-Cirúrgica. Praticamente não exerceu como médico, tendo-se entregue à vida boémia e literária. Funda em 1880 a revista A Crónica, publicando vários artigos com o pseudónimo de Valentim Demónio. Colabora em vários jornais e revistas, destacando-se o jornal NovidadesO Repórter,Pontos nos IICorreio da Manhã, etc. Publica o primeiro conto em 1881, dedicando-o a Camilo Castelo Branco. As suas obras podem ser divididas em duas partes: Obras polémicas – Pasquinadas (1890), Vida Irónica (1892), Os Gatos (6 vols., 1889-1894),Livro Proibido (em colaboração, 1904), etc. E ficção – Contos (1881), A Cidade do Vício (1882), O Pais das Uvas (1893), etc.).


Fidelino de Figueiredo

Fidelino de Figueiredo1. Fidelino de Figueiredo notabilizou-se como professor, historiador e crítico literário, tal como na faceta de ensaísta e de intelectual cosmopolita (Lisboa, 20.VII.1889 – 20.III.1967). Licenciou-se em Ciências Histórico-Geográficas na Faculdade de Letras, em 1910, iniciando a sua vida profissional por se dedicar ao ensino e à vida política nos conturbados tempos que se seguiram à implantação da República. Exerceu vários cargos públicos: funções no Ministério da Educação, director da Biblioteca Nacional e deputado. Fundou e dirigiu a Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos e a Revista de História (1912-1928). Exilando-se em Madrid em finais da década de 20, por razões políticas, é contratado como professor de Literatura pela Universidade Central. Já na década de 30, depois de regressado a Portugal, celebrizou-se nas actividades de conferencista e professor convidado de Literatura em várias universidades europeias e americanas. Contratado pela recém-criada Universidade de S. Paulo (1938-1951), funda aí e, lodo de seguida, também na Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro, os Estudos de Literatura Portuguesa, de cujo magistério nasce um dinâmico grupo de discípulos, de entre os quais se contam prestigiados docentes e investigadores (António Soares Amora, Cleonice Berardinelli, Segismundo Spina, Carlos de Assis Pereira, Massaud Moisés, etc.). Além dos vários cursos de graduação e pós-gradução, dirigiu e colaborou activamente na revista de Letras (1938-1954), publicação da referida Univ. de São Paulo. Atingido por incurável e progressiva doença, deixou as funções docentes em S. Paulo, regressando definitivamente a Portugal, à sua casa de Alvalade.2. Na área dos Estudos Literários, deixou uma vasta, fecunda e influente obra, nos campos da Crítica Literária e do Ensaio, da História e da Literatura Comparada, bem como da Teoría Literária. O seu grande contributo reside no propósito de contribuir para a profunda modernização teórico-metodológica das disciplinas que integram esta área de conhecimento. Neste domínio, criticou frontalmente os pressupostos teoréticos e os resultados da historiografia de Teófilo Braga, de matriz romântico-positivista. Neste esforço renovador, entre as suas grandes matrizes teóricas, destacam-se três: 1ª) a crítica "científica" francesa de finais do séc. XIX e inícios do séc. XX; 2ª) o influente pensamento hispanista de Miguel de Unamuno e M. Menéndez y Pelayo); 3ª) a filosofia estética do italiano Benedetto Croce. Foi ainda pioneiro na nova área da Literatura Comparada em Portugal, quer no domínio da sua conceptualização teórica, quer na elaboração de sugestivos estudos de crítica comparativista. Ao mesmo tempo, patenteando um agudo sentido cívico e manifestas preocupações existenciais, dedicou-se a uma contínua reflexão ensaística, de natureza cultural e filosófica, mais acentuada no final da sua vida.